segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Mais de metade dos partos em Portugal são feitos por parteiras


"Em todo o país, 55 a 60 por cento dos partos são executados por parteiras, pelo que, em princípio, a taxa de partos normais será a mesma", disse Vítor Varela, enfermeiro obstetra no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, e representante dos países do Sul da Europa na Confederação Internacional de Parteiras (ICM).
O enfermeiro defendeu a necessidade de "aumentar a taxa de partos normais", o que poderá ser conseguido através da divulgação de "algumas recomendações práticas".
Representantes de associações de enfermeiros obstetras de Portugal, Espanha, Itália, França, Grécia, Malta e Chipre aprovaram quinta-feira, no Porto, "por unanimidade", uma proposta de norma de procedimentos para a realização de partos normais que pretendem que seja adoptada em todo o Mundo.
"Há necessidade de reconhecer, facilitar e mesmo auditar o parto normal nos nossos serviços e nas nossas maternidades", salientou Vítor Varela.
"O enfermeiro referiu que a norma agora aprovada vai ser levada à Comissão Executiva da ICM e posteriormente ao Conselho Geral da confederação, que se deverá reunir em Maio.
Depois da reunião de Maio, Vítor Varela espera que a norma comece a ser enviada aos diferentes governos nacionais, com recomendação para que seja adoptada em cada país".

"Defensor de que "dar à mulher a hipótese de um parto natural é uma missão do serviço público", Vítor Varela fundou e dirigiu até 2005 a Associação Portuguesa de Enfermeiros Obstetras (APEO), cujo X Encontro Nacional está a decorrer hoje e sábado também no Porto.
Para este responsável, em Portugal "vive-se o modelo médico, em que não é reconhecida a qualificação e a responsabilidade dos enfermeiros obstetras, ou parteiros, apesar de estes serem abrangidos por uma directiva comunitária".
"Em causa está a norma 2005/36/CE, de 7 de Setembro, que aguarda transposição para o direito interno e que contém alguns pontos não consensuais para a comunidade médica, nomeadamente no artigo 39º, relativo ao "exercício das actividades profissionais de parteira".
Diz o Diário de Notícias de 07/02/2008.

Há coisas que nos parecem extemporâneas sobretudo vindas de onde vêem: Associação Portuguesa de Enfermeiros Obstetras, que reúne no seu X Encontro Nacional, no Porto.

Mas então o parto normal, natural, eutócico, não é da competência das parteiras?
Não serão elas que têm que ditar as regras em presença das circunstâncias?
Às vezes ficamos surpreendidos com os tiros nos pés, que alguns enfermeiros dão, sem perguntarem a ninguém.
Será que os médicos obstetras, também pedem a definição de normas para partos distócicos ou anormais, ou patológicos?
Certamente não.
Se há uma norma comunitária e supra-comunitária, que vem da Organização Mundial de Saúde (OMS), acerca dos medicamentos que as parteiras e enfermeiras/parteiras podem receitar, que curiosamente a OE teima em não divulgar, é porque reconhecem a necessidade de apoiar o parto com medicamentos da especialidade. Ora num país organizada, não monopolizado não há dúvidas acerca das competências das parteiras.

Sabemos que se pode estar em presença duma reminiscência dos tempos em que havia auxiliares de enfermagem e eram as escolas que deixavam a ideia de que os Enfermeiros só podiam fazer o que estava no programa da escola.
Como licenciados, os Enfermeiros têm o direito de investigação própria para evolução e aperfeiçoamento da profissão. Por isso querer espartilhar a acção das parteiras com normas que só à parturiente compete definir, pois de parto normal se trata é, salvo melhor opinião, andar para trás.

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