quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Dê sangue...

As reservas de sangue no País continuam abaixo do necessário, apesar de as dádivas do último mês terem superado as de 2007. De acordo com dados do Instituto Português de Sangue (IPS), os níveis estão 30% abaixo do nível ideal, ou seja, atingem dois ou três dias em alguns tipos de sangue, quando a margem de segurança é de sete dias. Aos tipos de sangue A e 0 positivos que estavam já em baixa juntou-se agora o tipo B negativo, que antes era estável. Gabriel Olim, presidente do IPS, diz que a situação "continua abaixo do ideal, porque foi preciso fornecer sangue aos hospitais, que têm agora a reserva recomendável". Ontem, o IPS tinha quase duas mil unidades de sangue, que respondem a uma procura média de dois dias. No entanto, somando a oferta do IPS à dos hospitais, o número sobe às sete mil. A carência está sobretudo ao nível do tipo 0 positivo, com apenas dois dias de margem, e dos grupos A positivo e B negativo, capazes de responder ao consumo de três dias, segundo a procura de 2007.


O instituto continua a apelar à dádiva. À partida, qualquer pessoa pode dar sangue, dos 18 aos 65 anos. Mas a primeira dádiva não deve ser feita depois dos 60 anos. No caso das mulheres, é possível fazê-lo três vezes por ano e, no dos homens, basta fazer um intervalo de três meses. Pessoas submetidas a cirurgias ou que tenham feito tatuagens, por exemplo, têm de passar por um período de quarentena. A recolha é feita a par com uma entrevista confidencial e os lotes colhidos seguem procedimentos de gestão e de avaliação da segurança. Actualmente, há 272 502 portugueses na lista de dadores, o triplo dos que havia em 96.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ser enfermeiro numa USF

Os enfermeiros ameaçam abandonar as Unidades de Saúde Familiar (USF), caso o projecto de portaria relativo aos incentivos para médicos, enfermeiros e auxiliares, proposto pela nova ministra da Saúde, não sofra alterações.
O anúncio foi feito, esta quinta-feira, pela vice-coordenadora nacional do Sindicato dos Enfermeiros, Guadalupe Simões, em declarações reproduzidas pela Rádio Renascença.
«Se aquilo que a Sra. Ministra da Saúde vai remeter agora para os parceiros sociais para negociação for em tudo semelhante àquilo que nós já temos conhecimento, então, os enfermeiros irão ponderar a possibilidade o abandono das Unidades de Saúde Familiares”, avisa a sindicalista.
No entender da estrutura sindical, a proposta de incentivos que os enfermeiros receberam era discriminatória, nomeadamente, devido às diferenças de valores entre aquilo que médicos e enfermeiros podem ganhar.
Segundo Guadalupe Simões, os incentivos previstos na proposta já conhecida prevêm a um acréscimo na ordem dos mil euros por ano para os enfermeiros, ao passo que os médicos poderão receber entre «sete a oito mil euros por mês».
De acordo com Ana Jorge, existem muitos médicos, enfermeiros e administrativos que aguardavam a publicação da portaria para se organizarem em equipas candidatas ao modelo B das USF.
Segundo o Ministério da Saúde, as USF estão classificadas em três modelos de desenvolvimento: A, B e C.
O Modelo A compreende as USF do sector público administrativo com regras e remunerações definidas pela Administração Pública, aplicáveis ao sector e às respectivas carreiras dos profissionais que as integram.
O Modelo B abrange as USF do sector público administrativo com um regime retributivo especial para todos os profissionais, integrando remuneração base, suplementos e compensações pelo desempenho.
O Modelo C é um modelo experimental que abrange as USF dos sectores social, cooperativo e privado, articuladas com o centro de saúde, mas sem qualquer dependência hierárquica deste, baseando a sua actividade num contrato-programa estabelecido com a ARS respectiva e sujeitas a controlo e avaliação externa.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Mais de metade dos partos em Portugal são feitos por parteiras


"Em todo o país, 55 a 60 por cento dos partos são executados por parteiras, pelo que, em princípio, a taxa de partos normais será a mesma", disse Vítor Varela, enfermeiro obstetra no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, e representante dos países do Sul da Europa na Confederação Internacional de Parteiras (ICM).
O enfermeiro defendeu a necessidade de "aumentar a taxa de partos normais", o que poderá ser conseguido através da divulgação de "algumas recomendações práticas".
Representantes de associações de enfermeiros obstetras de Portugal, Espanha, Itália, França, Grécia, Malta e Chipre aprovaram quinta-feira, no Porto, "por unanimidade", uma proposta de norma de procedimentos para a realização de partos normais que pretendem que seja adoptada em todo o Mundo.
"Há necessidade de reconhecer, facilitar e mesmo auditar o parto normal nos nossos serviços e nas nossas maternidades", salientou Vítor Varela.
"O enfermeiro referiu que a norma agora aprovada vai ser levada à Comissão Executiva da ICM e posteriormente ao Conselho Geral da confederação, que se deverá reunir em Maio.
Depois da reunião de Maio, Vítor Varela espera que a norma comece a ser enviada aos diferentes governos nacionais, com recomendação para que seja adoptada em cada país".

"Defensor de que "dar à mulher a hipótese de um parto natural é uma missão do serviço público", Vítor Varela fundou e dirigiu até 2005 a Associação Portuguesa de Enfermeiros Obstetras (APEO), cujo X Encontro Nacional está a decorrer hoje e sábado também no Porto.
Para este responsável, em Portugal "vive-se o modelo médico, em que não é reconhecida a qualificação e a responsabilidade dos enfermeiros obstetras, ou parteiros, apesar de estes serem abrangidos por uma directiva comunitária".
"Em causa está a norma 2005/36/CE, de 7 de Setembro, que aguarda transposição para o direito interno e que contém alguns pontos não consensuais para a comunidade médica, nomeadamente no artigo 39º, relativo ao "exercício das actividades profissionais de parteira".
Diz o Diário de Notícias de 07/02/2008.

Há coisas que nos parecem extemporâneas sobretudo vindas de onde vêem: Associação Portuguesa de Enfermeiros Obstetras, que reúne no seu X Encontro Nacional, no Porto.

Mas então o parto normal, natural, eutócico, não é da competência das parteiras?
Não serão elas que têm que ditar as regras em presença das circunstâncias?
Às vezes ficamos surpreendidos com os tiros nos pés, que alguns enfermeiros dão, sem perguntarem a ninguém.
Será que os médicos obstetras, também pedem a definição de normas para partos distócicos ou anormais, ou patológicos?
Certamente não.
Se há uma norma comunitária e supra-comunitária, que vem da Organização Mundial de Saúde (OMS), acerca dos medicamentos que as parteiras e enfermeiras/parteiras podem receitar, que curiosamente a OE teima em não divulgar, é porque reconhecem a necessidade de apoiar o parto com medicamentos da especialidade. Ora num país organizada, não monopolizado não há dúvidas acerca das competências das parteiras.

Sabemos que se pode estar em presença duma reminiscência dos tempos em que havia auxiliares de enfermagem e eram as escolas que deixavam a ideia de que os Enfermeiros só podiam fazer o que estava no programa da escola.
Como licenciados, os Enfermeiros têm o direito de investigação própria para evolução e aperfeiçoamento da profissão. Por isso querer espartilhar a acção das parteiras com normas que só à parturiente compete definir, pois de parto normal se trata é, salvo melhor opinião, andar para trás.

Ministra da Saúde dispensa presidente do INEM

"Caiu a segunda vítima do complicado processo de reformas na Saúde Luís Cunha Ribeiro foi afastado da Presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), um organismo que tem estado debaixo de fogo não só pela complicada relação com os bombeiros, como por notícias de alegadas falhas na assistência pré-hospitalar. Falhas que se juntaram à onda de encerramentos de serviços de urgência hospitalar e de atendimento nocturno em centros de saúde encetada pelo anterior ministro da Saúde, demitido há 15 dias. A que se somaram ainda críticas da Ordem dos Médicos por oferecer socorro aéreo em helicópteros sem médico.À frente do Instituto, o médico foi responsável pela ampliação da rede de Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação. E foi uma das primeiras vozes a defender a profissionalização das equipas de socorro dos bombeiros.O erro de Cunha Ribeiro terá sido, para Duarte Caldeira, o de querer construir uma imagem de "auto-suficiência" conferindo ao INEM "exclusividade" no socorro pré-hospitalar. A política era "secar tudo à volta".O líder dos bombeiros garante ainda que não se trata, aqui, de penalizar o elo mais fraco de uma política governamental. "O INEM caracteriza-se por uma enorme margem de manobra e muito do que é atitude e intervenção resulta daquilo que os seus dirigentes definem, independentemente das orientações políticas superiores". Além de que, se saiu o ministro, diz Duarte Caldeira, é "óbvio e normal que saia também o executor das concepções políticas".